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O QUE É?

Foi nos Estados Unidos da América em finais dos anos 80 do século passado que foram lançados os primeiros projetos “Write an Opera”. A sua incubadora original foi o MET nova-iorquino e o projeto inicial era pensado de profissionais da área... para profissionais da área, com o intuito de lhes proporcionar a experimentação de todas as valências dessa produção, ou pelo menos algumas valências diferentes das do seu campo específico de trabalho. Pretendia-se, com isto, fazer com que os profissionais ganhassem consciência da totalidade performativa que é uma ópera e que pudessem desenvolver competências em áreas diferentes da da sua especialização para incrementar níveis de eficácia e interdisciplinaridade no trabalho. Teríamos, por exemplo, diretores de cena a trabalhar como atores/cantores, músicos da orquestra de fosso encarregues de funções técnicas (luzes e som, por exemplo), pessoal técnico a tocar um instrumento e cantores a desenhar figurinos e serem responsáveis pela cenografia do espetáculo final. Esta performance era dirigida ao staff da Opera – fechada ao grande público -, e revestia-se primordialmente dum caráter lúdico e satírico, segundo testemunhos de profissionais envolvidos em algumas dessas produções “interinas”.

É no início do milénio que esta metodologia é importada pela ROH de Londres, que a amplia em termos de aplicabilidade retirando-a da esfera operática profissional e expandindo-a a populações tão distintas como as cúpulas diretivas de grandes empresas ou professores e alunos do ensino regular. A ROH inclusivamente retira esta formação das suas instalações, transportando toda a logística necessária para o contexto de trabalho/intervenção a que se destina para eliminar eventuais condicionalismos dos participantes, por vezes assoberbados por tanto aparato técnico e preconceitos de seriedade implícitos ao género operático e que a formação nas próprias instalações da ROH não conseguia suplantar.

De uma forma geral, esta metodologia assenta numa natureza dialógica dos seus participantes e valorização das suas ideias e contributos para o produto final. Não há construto final a priori pelo que todo o conhecimento que concorre para esse produto final será construído e não adquirido, questionado e não transmitido por alguém. Emanará do grupo e não duma individualidade que detém o conhecimento e cujo papel é aceite também com apriorismo.

Todos os indivíduos trabalharão em grupo e passarão por uma série pré-determinada de estágios, todos eles relativos a várias dimensões duma ópera: argumento, libreto, construção e caracterização de personagens, música, figurinos, cenografia, encenação, direção de cena, som e luz, produção e gestão, divulgação e marketing. Aparte do contributo do primeiro grupo em cada dimensão, cada grupo seguinte trabalhará sobre a contributo do grupo que o antecede, sendo a súmula do seu trabalho a base da qual o grupo seguinte dará o seu contributo. É, por isso, um processo cumulativo e que faz apelo a negociação e diálogo constantes, bem como competências pessoais e profissionais de trabalho em grupo.

A WASO não é mais que uma extensão particular deste método “Write An Opera” ao campo das ciências, convertendo-o em “Write A Science Opera”. A ciência afirma-se como um elemento aglutinador de diversos saberes e experiências, inspirando uma aproximação artística multidisciplinar (Ben-Horin, 2014). Num projeto WASO é selecionado previamente um tema que será o foco da performance e o elemento catalítico de toda a dimensão criativa, culminando numa pequena Ópera como produto final. Todo o processo é guiado por orientadores/formadores de áreas tão distintas como a música, o teatro ou mesmo as ciências, apelando à multidisciplinaridade dos saberes. Todas as dimensões já atrás apontadas são totalmente entregues aos alunos para serem concretizadas durante o processo, apelando ao desenvolvimento do seu sentido de responsabilidade e autonomia.