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A METODOLOGIA

Os projetos baseados nesta metodologia WASO são sobretudo focados na descoberta criativa das ciências. Por sua vez, a ciência afirma-se como um elemento aglutinador de diversos saberes e experiências, inspirando uma aproximação artística multidisciplinar (Ben-Horin, 2014). Num projeto WASO é selecionado previamente um tema que será o foco da performance e o elemento catalítico de toda a dimensão criativa, culminando numa pequena Ópera como produto final. Todo o processo é guiado por professores/formadores de áreas tão distintas como a música, o teatro ou mesmo as ciências, apelando à multidisciplinaridade dos saberes. As personagens, o libretto, a composição dos temas musicais, a direção de cena, cenografia e adereços, bem como a parte de relações públicas, gestão e disseminação do projeto são totalmente entregues aos alunos para serem concretizados durante o processo.

Este método foi inicialmente pensado e projetado para projetos escolares intensivos de 2 ou 3 dias nas escolas do ensino regular do sistema Norueguês. Note-se que a realidade deste país é a priori radicalmente diferente da nossa, uma vez que a formação musical e expressão dramática fazem parte dos curricula dos diferentes níveis do ensino básico e secundário, enquanto que na nossa realidade essas atividades são vistas como complementares ou de ocupação de tempos livres.

A formação dos profissionais que intervêm na WASO não é também descurada. Os projetos supra citados preveem um dia de formação para os “professores”/formadores, podendo, como já se disse, vir de áreas tão distintas como a música, a ciência, o teatro,... Não há, pois, quaisquer pré-requisitos para estes formadores uma vez que o racional de formação incide maioritariamente sobre as atividades a serem desenvolvidas, mas sobretudo sobre a atitude que o formador deverá ter: um guia, nunca um professor; um mentor, nunca um administrador de conhecimento. A tradicional ortodoxia do ensino é aqui completamente posta de parte, o professor perde papel e função de mero transporte de conhecimento para se assumir, tal como os seus formandos, um construtor/explorador do conhecimento – embora com responsabilidades diferentes da dos seus formandos, pelo papel de orientação que lhe é atribuído.

O trabalho de campo propriamente dito é feito através do recurso à divisão arbitrária do grande grupo em pequenos grupos de trabalho, onde seja mais rápida, fácil e imediata a troca de ideias. Por outro lado, as áreas de trabalho (já apontadas) são igualmente divididas em pequenas tarefas que serão cumpridas por todos os grupos, num sistema rotativo de tempo limite que é imposto para cada tarefa. Um pequeno exemplo deste modus operandi: a construção das personagens implica elencar características físicas e psicológicas da personagem, idade e género, apontar um traço de caráter que deverá sobressair na trama final, inventar um segredo que essa personagem esconde, um hobby e a sua profissão. Cada tarefa destas constituir-se-á como um posto de trabalho que receberá todos os grupos de trabalho durante um tempo previamente determinado pelo formador; os pequenos grupos de trabalho visitarão, assim, todos os postos de trabalho, deixando o seu contributo para os grupos que o sucedem e herdando um corpo de ideias dos grupos que o precederam, tendo de trabalhar a partir delas. Desta forma evita-se o caos criativo através dum processo imersivamente colaborativo, a que nenhum dos participantes se pode furtar.

Este processo repete-se para cada ponto que o formador considere central, estando a seu cargo o controlo do tempo limite, a supervisão do trabalho de cada grupo e poder servir como fator de desbloqueio de ideias ou de inspiração momentânea, sem todavia interferir no processo criativo através duma postura diretiva ou impositiva de uma visão ou vontade pessoais. Já perto do final, nomeadamente na fase de ensaios de palco da Ópera, o papel de orientação e liderança será redirecionado para a Direção de Cena e para o(s) elemento(s) responsável(eis) por esta tarefa.